-
Arquitetos: João Tiago Aguiar Arquitectos
- Área: 1500 m²
- Ano: 2017
-
Fotografias:Fernando Guerra | FG+SG
-
Fabricantes: CIN, CLIMAR, GLS2, ITLAS, LEMA, MACIÇA, PADIMAT
Descrição enviada pela equipe de projeto. O edifício em questão situa-se na Calçada do Sacramento, no Chiado, em pleno centro de Lisboa. Trata-se de um edifício de origem pombalina que se encontrava muito degradado, já com o sistema estrutural muito alterado. O edifício é constituído por 4 pisos elevados e um piso de águas furtadas. No R/C funcionava a antiga Panificação do Chiado, cuja fachada se encontra classificada.
O objectivo da obra era manter o uso comercial do R/C e desenhar tipologias variadas nos pisos superiores, nomeadamente um T3 no 1º piso, um T1 e um T2 no 2º piso, e dois duplexes T3 no 3º piso, com aproveitamento do desvão do sótão. Para melhorar o conforto, foi implantado um elevador no vão das escadas. Manteve-se o aspecto original da caixa de escadas, apesar da introdução de um novo corpo, de estrutura em ferro pintado na cor preto mas totalmente transparente. Reorganizou-se o hall de entrada de forma a apresentar um espaço claro e limpo, ocultando-se toda a zona técnica e de lixos.
Na fachada tardoz foram introduzidas varandas e janelas de sacada de forma a optimizar o usufruto das vistas e da luz natural. Já na cobertura foram introduzidas duas grandes trapeiras a tardoz e cinco mais pequenas na frente com respectivos terraços, com vistas excepcionais sobre a cidade, nomeadamente a Baixa Pombalina e o Castelo de São Jorge. Todo o sótão, antes sombrio e esconso, foi muito melhorado, ao introduzirem-se novas trapeiras tanto na fachada tardoz como principal, que permitiram a entrada abundante de luz natural e melhores vistas.
O apartamento do primeiro piso, com acesso ao logradouro beneficiou de um espaço exterior de grandes dimensões, sobranceiro à cidade. Os apartamentos em geral, são dotados de pés-direitos muito generosos, o que associado à recuperação dos tectos e sancas originais em estuques trabalhados fez renascer a nobreza do edifício. Foi colocada iluminação indireta em sancas enaltecendo os elementos decorativos. Sublinhou-se a ampla escala dos espaços pela introdução de portas, estantes e armários até ao teto.
Promoveu-se um diálogo entre os elementos de arquitetura contemporânea, nomeadamente as cozinhas abertas, as instalações sanitárias ocultas, com os elementos clássicos e tradicionais do edifício. Nos duplexes, situaram-se as zonas privadas no piso inferior, e as zonas sociais no piso superior, promovendo a vivência dos terraços e a relação das zonas de estar com as melhores vistas.
O cuidado com a intervenção passou também pela abordagem do reforço estrutural, que procurou sempre aproveitar os elementos existentes e reforçá-los ao invés da substituição total do sistema construtivo original.